a solidão enche-me de palavras. deve ser isso que me desorienta os gestos. as vagas tremeluzentes que me atropelam os passos. não sei que fazer comigo nestes momentos em que me sinto trôpega e sem forças, em que parece que o meu coração se desprendeu das veias e anda à solta pelo meu corpo todo ao mesmo tempo.
apesar de ser disparate. é disparate, toda esta coisa desenfreada. nunca gostei de auto-comiseração e no entanto cá me tenho subconscientemente e descontroladamente cheia de pena de mim, de medo de mim. cheia de mim a correr-me a galope num pânico só meu que nem eu compreendo.
porque será que é a noite que mais nos assusta nestes momentos? porque será que vem a insónia e os pensamentos de céu sem estrelas? ainda o sol não se pôs e já penso no escuro que chegará. e tenho medo de ter de atravessar a noite que não acaba de olhos abertos. porque sei que isso me põe ainda mais doente.
tive uma recaída. o meu coração amachucou-se um bocadinho mais. está fechado num punho com dedos demasiado fortes para eu conseguir sequer demover uma falange. pouco falta para ser solto, de uma maneira ou de outra. mas é a espera que me adoece. enquanto aguardo, longe do abraço que ao menos me desprendia os cabelos, penso demais. não quero pensar.
já lá vai um ano desde o último medo do escuro. o escuro não voltou. mas estou na sombra.
domingo, agosto 12, 2007
palavras
insónia de
polegar
acendeu a luz às
19:45
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3 comentários:
estaremos pois juntas na escuridão, de mãos dadas até a manhã chegar. prometo.
porque eu tenho muito, mas muito medo do escuro.
este verão tem andado de facto com mais nuvens que sol...
O coração fica pequeno bem depressa quando se precisa dele gigante.
Tudo de bom,
gostei do teu blogue.
Edgar Semedo
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