terça-feira, novembro 08, 2005

a porta

há muitos anos, a noite era de vigília silenciosa cansada ao teu quarto.
os fantasmas cirandavam e eu não queria que te perturbassem os sonhos de menina.
ficava de olhos abertos na escuridão até a escuridão me abraçar por desgaste. acredita, não aguentava mais do que o tempo que os olhos se mantinham alerta.
mas tinha a sensação de que nada te tocava. que te guardava.
hoje as portas do teu quarto ficam fechadas. não sei se para evitar os pesadelos ou se para os deixar só aí dentro.
se para ouvires melhor o espanta-espíritos da maçaneta, ou se para não ouvires nada. tremo.
e penso, enquanto te puxo o edredon para perto das orelhas, e miro essa cascata dourada na almofada, que voltaram os dias de vigília.
um peso aperta-me o peito. de novo.
desta vez não posso falhar.

4 comentários:

colher de chá disse...

és a melhor das irmãs *

Anónimo disse...

quem me dera, minha querida. sou só pessoa... beijos.

luis mendes disse...

é bom perceber que a tua prosa também passa por aqui...

SpiritMan aka BacardiMan disse...

O medo do escuro, o medo de nós próprios, o medo de crescermos... o medo...

e cumprimentos mixed by Jameson!!