quarta-feira, setembro 28, 2005

o duende

um dia, devagarinho, ao fundo da estrada de pedras e terra batida, apareceu um duende, não sei de onde.
contava histórias. de velhos e novos. de pessoas encantadas.
vinha de olhos postos nos brilhos e nos pássaros, de sorriso em riste para o caminho.
sentou-se à minha frente, de olhar sereno sem culpas ou revoltas, sem perguntas. e olhou-me dentro de mim, sem eu ter barreiras a levantar.em silêncio, ficou assim, a ler-me a pele e os olhos.
ainda lá está, sentado na sexta pedra redonda a contar da última àrvore alta à direita.
conta-me estórias encantadas sempre que a alma me foge aos olhos e as tormentas não querem pacientar-me.
um amigo.

parabéns, miak.

sexta-feira, setembro 16, 2005

devagar...

sentindo as reticências que separam os hálitos, quentes...
doces ou suados, mas prementemente sôfregos.
o aperto na barriga aumenta até ao cume do momento que é o toque.
a descoberta surpreendente da macieza de uma pele estranha, de uma textura diferente. de uma humidade, de uma electricidade diferentes.
o cheiro que penetra à medida que penetram os lábios um no outro e descobrem no sentir a fome do desejo... sabemos que o beijo é perfeito quando nesse toque há, antes de tudo, um meio sorriso beijado...
e quando os lábios não se podem roçar mais, apertam-se. e quando não se podem apertar mais, deslizam até que as línguas se toquem, depois se rocem, depois se enrolem... num crescendo de volúpia até que os corpos fiquem satisfeitos...
enquanto...

segunda-feira, setembro 12, 2005

águas paradas

onde boia uma folha. pequena, suspensa no ar, parece. porque o líquido nem se agita naquelas pequenas ondulações. fica ali. sossegado, suportando a folhinha. à espera de outra brisa que a leve.